quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Feriado

Eu vejo o dia nascer em seus braços
Os raios de Sol aquecendo nossa cama
Fundindo nossos laços
A luz entrando pela janela
Iluminando teu perfil
Deixando meu corpo febril
Roubando calor da tua pele
A voz do rádio ditando notícias
Os neurônios incitando malícias
O corpo tranduzindo em carícias
A porta aberta
O piso frio
O vento vindo do banheiro
O cachorro alerta
Um caminhante vadio
Nosso amor como alimento o dia inteiro

Nesse feriado me acabo em você

Já é tarde
O tempo muda
O quarto esfria
A gente não se desgruda
Isso te contagia
Um abraço forte
Um chá quente
Um pouco de televisão
Só falam de morte
Somos diferentes
Surge mais inspiração
O disco roda
Você acorda
Eu já terminei de escrever
A noite nos aborda
- Não me morda!!!
Dei minha vida pra você
A madrugada me derruba
Você me cobre
Eu desato a dormir
A brisa me perturba
Mas a gente ainda dorme
Sonhando com o próximo feriado
Mesmo sendo Finados
Não somos culpados
Por amar assim

E você também se acaba em mim!!!

Marcelino

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Infecção

Oh Baby,
Nos nossos sonhos tudo era tão simples
Depois vieram os tempos difíceis
Bombas e mísseis, e o tempo passou

Oh Baby,
Eu sei que não somos culpados por nossos vícios
E que eles nos levam a cometer esses crimes
Mas eu sempre desconfiei que você nunca me amou

Oh Baby
Eu só espero que você não me culpe
Nunca fiz nada com essa intenção
Mas às vezes o mundo não entende o que a gente falou

Eu não esperava que a máscara caísse
Que esse vírus te atingisse e eu sofresse a infecção
Mas eu te queria e só pensava nisso
Esse é teu álibi, você tem minha absolvição

Marcelino

domingo, 6 de dezembro de 2009

Contra o vento

E eu te espero sim
Espero até que me vejas
Não que vejas minhas obras
Mas que veja quem eu sou
Não importa que minhas atitudes
Espalhem-se pelos ventos
Se ao menos minhas palavras
Lhe chegarem ao coração

Não espero que largue sua vida
Que abandone tudo por mim
Mas eu estarei aqui
Por mais uns cinquenta anos
Com certeza meu coração estará vazio
Só a música e a poesia poderão entrar
Até que você me ligue
Pedindo uma cama pra passar a noite
E talvez você me ouça e queira
Uma casa para morar

Não seja as besteiras que falo
Nada que te impressione
Eu acho até que você nem pode me ouvir
Só não queria que você continuasse
Andando contra o vento
Sem poder gritar sem engolir as palavras

Até que volte você pra falar
Eu vou lendo e refletindo
E pensando coisas belas
Pra quando você quiser me ouvir
E esqueçamos tudo que nos falarem

Marcelino

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Diferenças

Éramos tão diferentes
Nada podia acontecer
Mas fomos tão insistentes
Não nos contentamos
Com o que era pra ser

Mas esse tempo passou
Hoje a gente não tem
Mais força pra lutar
O que era doce acabou
Ficou apenas um
Sem-sal pra saborear

Então bata a porta outra vez
Uma só não é suficiente
Pra quebrar o que a gente fez
Me apagar do seu subconsciente

Não vou esquecer
Da poesia que fiz pra te conquistar
E um dia vou entender
Que a gente não peca por tentar

Marcelino

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Soneto da amizade

Poema dedicado aos meus melhores amigos,
Dedé, Érica, Vitor e toda família, em homenagem ao nascimento do Vitor!!!

Descuido nosso deixar uma amizade crescer assim
E hoje não tem mais como voltar atrás
Da minha parte não há porquê ter fim
E sim na verdade crescer cada vez mais

Vamos seguindo caminhos diferentes e iguais
Iluminados pelo brilho do ouro do Bonfim
Tem mais um personagem pra trazer nova paz
Outro motivo pra gastarmos nossos risos de marfim

Realizando sonhos e registrando nossa história
É engraçado lembrar de tudo que aconteceu
Rir depois de tanto tempo das nossas memórias

Inspirados pelo anjo que nesta quarta-feira nasceu
Calo-me pois as palavras já não dizem nada agora
A distância elimino com a irmandade que a gente teceu

Marcelino

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sou

Minha vida é uma poesia sem rimas
É uma prosa sem segundo personagem
É um caminho, uma rua sem saída
É um corpo que já não tem mais alma
Pra onde nem os discos voadores vão olhar

Sou um ponto, do ponto de interrogação
Um ponto sem o qual o universo se perde
Mas que pode muito bem existir só em massa

Minha vida é uma voz sem som, sem sentido
É uma língua sem tradução para o inglês
É braço forte sem emprego
É um coração sem amor, sem oxigênio

Sou uma questão infundada
Uma dúvida que paira no ar
Sem ninguém pra pensar
Sou uma pena, sem tinta,
Sem papel, sem idéias

Marcelino

domingo, 27 de setembro de 2009

Onde

Busco o estudo que mais me agrada
O sustento com o que me satisfaz
O descanso em minha própria casa
O divertimento onde me apraz
Só peco onde não poderia errar
Procuro o amor onde não está!!!

Marcelino

sábado, 12 de setembro de 2009

Abusada

Te fiz acordar cedo
Acordei de madrugada
Pra pegar a estrada
Rumo à Terra do sossego

A chuva veio junto
Acompanhou nosso passeio
Um dia meio morimbundo
Alterou nosso roteiro

Chegamos à sua casa
Até a alma ensopada
Usei teu sabonete, banho quente
Me sequei com sua toalha

Usei sua pasta de dente
Larguei tua cama bagunçada
Teus discos me embalaram
Me sustentou tua macarronada

Só te dispensei quando dormi de madrugada
Mas não te dei descanso nem nos meus sonhos
Onde um rapaz muito prendado
Apareceu assim meio risonho

Anunciando o bom tempo
Uma segunda-feira ensolarada
Não dei chance pro lamento
Não pude reclamar de nada
Só tive bons momentos
E quando me achava abusada

Você me calou com uma poesia
E eu muda de alegria
Só pude responder:
- Obrigada!

Marcelino

Grande idéia

Acabei de ter uma grande idéia:
Por que você não vai fundo e tenta ser feliz
Sei que não tenho bons argumentos
Lembra que meu perfume é muito amadeirado pra você

E hoje eu prometo que não vou mais beber
Eu acho que consigo, mas é que
Às vezes eu preciso de companhia pra viver

Cheguei de madrugada em casa
Só porque insisti em te deixar a salvo
Tudo bem eu percebi,
Que o mundo não gira em torno de mim
E isso vai fazer eu ser ainda mais feliz

Me prometa que continuaremos
Trocando os nossos livros
Mesmo com o passar dos anos

Eu quero ter uma enorme biblioteca
E alguém que entenda o que escrevi
E se você quiser posso te indicar
Uma canção de amor

Marcelino

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pra falar a verdade

E pra falar a verdade
Eu nem queria lhe escrever
Sei da sua pouca vontade
Em me perceber
Mas é única a oportunidade
Você vai entender

Por maior recompensa, ou tesouro
Fiz tudo que você me pediu
Te entreguei de mão beijada à outro
E você me sorriu
Me deixou uma cerveja na mesa
E outra paga pra minha consolação

E ao te ver sorridente
Queimou-me a ira que eu tinha
Não pude conter entre os dentes
E assim linha por linha escrevi este bilhete
Pra que o garçom te entregue quando você voltar

E pra não fazer desfeita
Terminei a cerveja e risquei teu nome da lista
Foi a forma perfeita
De selar tua conquista
Meu plano de vida- tua felicidade
Eu que um dia fui tachado de chantagista

Espero ser perdoado
E que esse cara ao teu lado
Faça melhor que eu faria

Marcelino
Tenho memórias recentes do que não aconteceu
Talvez esteja sofrendo da praga de Romeu
De nunca ter concluídas as coisas do coração

Quem sabe seja a síndrome de Platão
Nunca alcançar a alegria inteira
Só felicidade pela felicidade alheia

Uma medalha de honra pelo serviço prestado
Um lugar no altar, bem ao seu lado e um
Parágrafo no discurso agradecido por ter te mostrado
A melhor pessoa do mundo

E eu onde entro nessa história, será
Que só no álbum de memórias
Dos tempos da faculdade
Onde a gente prometia que iria alimentar
Nossa amizade pra nunca definhar
Aqueles velhos planos de vida

Você pensava em se casar, eu sonhava em ter filhos
Você não queria arriscar, eu corria sobre os trilhos
E quem acabou mais feliz?

Ainda hoje agradeço por ter te conhecido
Pelos momentos divididos, e ter confirmado
Que eu vim para servir

E do almoço de domingo eu não posso reclamar
Aquele molho branco você tem que me ensinar
Talvez eu conquiste alguém pela barriga
E ainda minha amiga
Não se preocupe a culpa não é sua

Eu só não soube me expressar

Marcelino
Hoje me peguei chorando
Sozinho em frente a televisão
Como pôde algo que eu faço a tanto tempo
Me causar tamanha emoção

Quantas vezes fiz a mesma coisa
Nunca senti nada diferente
Mas hoje estourou essa bolha
Pude me ver frente a frente

Cansei de buscar o impossível
Se o possível já é demais pra alcançar
Olhe só o tamanho do dicionário
E eu nem sei o be-a-bá

Eu que pensei que sabia amar
Não chego aos pés de uma personagem
Mas talvez se eu pudesse demonstrar
Melhoraria a minha imagem

Só escrever poesia não é nada
Chega de orações, vamos aos atos
Ensaio não encanta ninguém
O que vale é o que se faz no palco

Marcelino

domingo, 30 de agosto de 2009

Anjo da guarda

Experimenta o que nunca provou
Vem comigo esquece o que passou
Não há só uma forma de amor
Se já não vale a pena insistir
Não é o orgulho que vai lhe servir

E se eu dissesse que ninguém pode te amar como eu
Isso faria diferença pra você?

Não pode haver guerra santa
Isso é falta de concordância
Por que custaria tanto
Algo que já não prestou
Não entendo essa agregação de valor

Mas se o amor é assim, e eu?
Não sou digno de um bem-querer

Mostrei ontem quanto eu valia,
Ainda valho e vou valer
Foram os comunas que ganharam
A guerra, e quem tá no poder
O que fez pra merecer?

Quantas dúvidas na minha cabeça eu não sei como responder
Mas e quanto vale meu amor

Estou anotando na contra-capa
Lá onde ninguém vai ler
Que você merecia ser feliz
Queria que você lesse tudo que fiz
E soubesse quanto eu quis bem de você

Me pague duas cervejas e um brinde pela nossa amizade
E já será o suficiente pra mim!

Marcelino

Recomeço

Vamos conquistar tudo pelo nosso valoroso braço
E entregar à mordida do leão
Vamos freqüentar a Igreja verdadeira
E usar água benta como solução-tampão

Vamos chorar lágrimas de crocodilo
E esperar pela ajuda do sindicato
Que nos roubou um dia de trabalho
Pra fazer um belo calendário

Talvez o dia esteja tão bonito
E eu não quero lembrar o que passou
Vou esfregar os olhos pra apagar minhas lembranças
Botar uma roupa nova e sair pra trabalhar

É que eu preciso aprender a pensar
Contar vantagem na mesa do bar
No fim do happy hour

Marcelino

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Calmaria

Entre nós instaurou-se o silêncio
Eles foram seguindo adiante
Como se houvesse um consenso
Que nós seríamos belos amantes

Se dissesse um verso era pouco
Se fizesse mil talvez louco
Bem dizer sua formosura, redundância
Excluir sua moldura, ignorância

Foste eu atrevido, sensato
Que momento oportuno e barato
Jamais daria a boa sorte outra vez
Pra quem descaso do acaso fez

Perdi a chance cedida
Talvez de mudar-me a vida
De evitar essa sua viagem
Ou enfiar-me na sua bagagem

E nem que fosse no pensamento
Carregaria-me por um momento
Um pouquinho lá no fundo da alma
Traria-me tão terna calma
Que eu nunca mais quisera dispensar

Marcelino

domingo, 16 de agosto de 2009

Juízo final

O seu São Pedro
Eu não tenho pressa não viu
Sei que aí é o Paraíso
Mas prefiro ficar no Brasil

Não tenho interesse
Em passar pro outro lado do véu
Enquanto der pra ir empurrando
Vou faltando na chamada do céu

Eu sei que aí só quem comemora
É o time do São Francisco
Mas não vai me leva embora
Logo agora que Timão não corre mais risco
Vamos buscar mais um título
Depois da liberta eu vou

Você já levou o Cartola
Elvis e Raul Seixas
Se não for falta de respeito
Vou aproveitar a deixa
Aceite a minha queixa
Depois do Chico Buarque eu vou

Acho que já ta chegando a hora
De encerrar o trabalho nesse tribunal
Também acho que mereço a vitória
Pelo menos pela cara de pau
Vamos deixar pra depois
O meu juízo final

Marcelino

Otenos

Fica cochichando com a vizinha
Mas todo mundo sabe
Que você ainda é minha

Fica espalhando por todos os cantos
Que eu sempre te ligo
Soluçando aos prantos

Mas a verdade
Sou quem vai contar
Enquanto você chora
Eu estou no bar

À sambar de alegria
Pois estou vivendo mais um dia
Não tenho um amor pra me atormentar
Agora estou em paz e posso cantar

Marcelino

Quando digo que te amo

Por que mudaste de plano
Tu que achavas tão piegas
Hoje quando me vê nega
Que pensaste assim
Quando disse que te amo

Por que mudaste teu pensamento
Pena que não foste à tempo
De aceitar
Quando disse que te amo

Hoje quando me encontra
Tenta reverter o engano
Mas não importa a afronta
Eu não digo que te amo

Sei que você gostaria de ouvir
Mas foi tamanho o dano
E você há de convir
Que não posso dizer que te amo

Mas, no entanto lá no fundo,
Guardado com segurança
Existe ainda a esperança
De um dia, contudo,
Eu gritar que ainda te amo

Marcelino

sábado, 18 de julho de 2009

Conviccção

Certeza, destino e convicção são coisas distintas.

Certeza é aquela sensação que todo mundo tem até começar a fazer algo, tudo vai dar certo até o primeiro passo quando já se começa errado. Destino é aquele coitado que sempre leva a culpa sem fazer nada, quando tudo da errado e já não se tem certeza de nada, é hora de botar a culpa no destino, e também se pode falar que Deus quis - isso nos casos mais graves – mas o destino sempre leva a culpa. Já a convicção é algo surpreendente, quando uma pessoa tem convicção ela tem certeza que tudo vai dar certo e o destino já está traçado e vai ser como ela quer.

Aí que mora o perigo. Josiel – nunca li esse nome nos textos do Veríssimo ou do Stanislaw, ou seja lá de quem for – era um cara de muitas certezas, um destino e muita convicção. Desde jovem tinha um sonho não muito comum entre os seres do sexo masculino de qualquer outro planeta que não seja o nosso, ser jogador de futebol. Começou cedo e haja visto muito mal, não acertava nem a cabeça do pai no gramado de casa – nenhuma das duas por sinal – não acertava a vidraça, não derrubava quadros dentro de casa, nem estourava o dedão no paralelepípedo na hora do chute fatal. Na verdade nem acertava a bola, só tocava nela quando chutavam nele, nem sempre por engano, foi assim que teve a certeza de que seria goleiro.
Começou bem, primeiro jogo, primeiro título sem tomar um gol, até quando saiu do banco de reservas para o momento mais glorioso para um goleiro, substituir o titular depois que ele cometeu um pênalti. Saiu-se muito bem, ileso do escorregão que levou quando foi saltar pra dentro do gol pra buscar a bola, nunca mais jogou nem futebol de botão. Guardou as luvas numa caixa para que elas não contagiassem mais ninguém.Como era jovem continuou nos esportes, adorava bicicletas, praticava bicicross – o nome era feio na época – na primeira corrida a barreira não abriu e ele não saiu ileso do tombo desta vez. Voltou depois de meses e no momento mais preocupante a barreira abriu, tinha passado o pesadelo e começado outro, saiu empinando só que a roda da frente não foi ele tinha apertado mal, a porca tava um pouco espanada, mas como ele tinha certeza que dava pra continuar, foi, e pois a culpa no destino.Desistiu dos esportes foi ser músico, adorava música era algo fenomenal.
Comprou um violão e na primeira nota a corda estourou no seu rosto e ele nunca mais tocou. Optou pela bateria - era mais segura, até a primeira baquetada quando quebrou o dedo no aro da caixa. Passou a tocar sax. Os dedos obedeciam, ia bem, chegou a montar o “Josiel e sexteto incerto” mas aos poucos descobriu a asma e abandonou o sexteto que se transformou num “quinteto certo”. Guardou os instrumentos num quarto junto as suas decepções.
Resolveu trabalhar, talvez assim com mais esforço conseguisse fazer algo que lhe rendesse reconhecimento - e ele veio – mole, imprestável, lerdo, burro, trambolho, etc... Ainda assim conseguiu se manter empregado e subir de cargo se tornando até um bom profissional, não ouvia mais xingamentos, não de colegas de trabalho, só do chefe.
Decidiu se casar estava convicto que era o momento, encontrou a mulher da sua vida, como ele sempre sonhara, seria muito feliz. Comprou carro, casa, e deixou os pais orgulhosos, pela primeira vez por mais de cinco minutos, e então quando foi mudar pra nova casa, abriu aquele quarto onde se guarda tudo que não presta – pelo menos pra gente – e quando juntou tudo teve a maior convicção que ali estava um Josiel justamente como ele sempre quis ser.

Marcelino

Honduras

Não vou dar uma data, hora ou lugar

Ou dizer se vou por terra, água ou mar
Só te garanto que um dia irei voltar

Pois quem nunca esquece do povo
Jamais será esquecido
Quem morre pra criar algo novo
Para sempre terá vivido

Não há nada que vocês saibam
Que eu não possa confrontar
Tudo que vocês façam
Eu tive prazer de inventar

Pois eu moldei o barro
Dei a imagem e o sopro da vida
Vocês só puxaram o carro
E entraram numa estrada perdida
Agora pensam que sabem o caminho do céu
Mas estão indo pra cidade proibida

Distorcem as palavras que ficaram
Escrevem por aí dizendo que fui Eu
Ainda não aprenderam nada
E se denominam Deus

Quando erram é minha culpa
Na fartura são seus os méritos
Só que ainda precisam vencer a luta
Contra a fatura do cartão de crédito

Vivem crise por falta de dinheiro
Descendentes de um povo que já enfrentou a fome
E insistem no mundo inteiro
Em renegar meu nome

São os donos do pedaço
Os únicos seres pensantes
Se eu imaginasse seu fracasso
Teria destruído tudo antes

O futuro que lhes reservo
É serem eternamente andarilhos errantes
Já estou criando tudo de novo
Com um povo menos ignorante

Marcelino

sábado, 20 de junho de 2009

Sou um louco quando
Não estou conversando
Quando tudo que eu digo
Sou eu mesmo que escuto

E nada é absurdo
E o tudo não é tudo
E procuro o absoluto
Olhando o céu estrelado
E não encontro nada
No teto infiltrado
Da minha cabeça pífia

E da massa cinzenta
De cimento e idéias
Que não dá liga nenhuma

Marcelino
Tome esta canção pra ti
Não é todo dia que te vejo sorrir
E se ela te ajuda quando a tristeza vem
Leve-a no bolso, e no coração quem te quer bem

Leve esta canção e cante
Sempre confiante quando sentir aflição
E entenda que por encomenda não se tem amor

Pra sempre e como for minha querida,
Te quero mais que amiga
Te quero como amor

Marcelino
Um dia desses conversando com o tempo
Tive a chance de perguntar
Coisas que todo mundo têm por dentro
Se remoendo pra soltar
Por que tudo acontece no tempo certo,
Mas sempre acontece fora de lugar

Por que eu conheci o jazz quando queria ser popular,
Por que eu fiz sucesso quando queria repousar,
Por que demorei tanto pra falar,
Por que arrumei emprego quando não tinha quem presentear

Por que ganhei um beijo sem dinheiro pra pagar o cinema,
Por que me equilibrei na bicicleta quando ela era pequena,
Por que amei quando não tinha ninguém pra amar

Por que só escrevi bem quando não tinha ninguém pra ler,
Por que só tive felicidade quando devia morrer,
Por que só sorri duvidando que ela fosse me esquecer

Por que perdi o sono à noite e dormi no trabalho,
Por que perdi a hora na segunda e acordei cedo no feriado,
Por que blefei pra minha mãe e apostei tudo no baralho

Por que nasci latino-americano quando não tinha dinheiro no banco,
Por que arrumei vaga no time quando meu pé estava manco,
Por que só falta freio no meu carro na descida do barranco?

Marcelino

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Aquarianos

É chato comemorar sempre a vitória
Viver num mundo de todo contente
Embora viver só na glória
Seja um pré requisito pra Gente

Já é sabido da história
Que nunca foi diferente
Grande, o que dá a esmola
Pequeno, o que sofre doente

Me sinto um caramujo no aquário
Sobrevivendo da sujeira que bóia
Sendo visto como um otário
Por tornar excrementos em jóia
Satisfaço nesses momentos
Minhas necessidades de glória

Marcelino

Ilusões

Ilusões de ótica são nada
Comparada às ilusões da alma
Quem pode entender na hora
As ilusões que alma forma?

Quantos "deja vus" apaixonados
Quantas finalizações tristes
Mostram que as ilusões da alma insistem
Em te levar ao que está errado

Resultados diferentes das intenções
Precipitados em momentos diversos
Causados por pensamentos dispersos
Formados sob domínio das emoções

Oh! Por que isso comigo meu Deus
Sofrer desse dom, castigo
Não quero mais passar perigo
Quero apenas enxergar com os olhos meus!

Marcelino

domingo, 31 de maio de 2009

Escola de malandro

Eu nasci num recanto de São Paulo
Aqui onde tem tanto trabalho
Onde dizem não ter a graça que o Rio tem
Mas tá claro que é pirraça de alguém

Passei a vida estudando
Correndo torto atrás de bola
Com uma coisa na cabeça encasquetando
Tentando entender a velha história

Por que aqui não tem malandro
Se pra ele a vida é a escola

Se aqui a labuta é mais disputada
O malandro devia levar vantagem
Ninguém sabe ganhar tanto tempo
Entornar o patrão na vadiagem

Mas malandro não rodeia
Acha lugar no ônibus lotado
Come fruta de graça na feira
Não tem nada roubado
Que roubo é coisa feia

Queria entrar nessa escola
Aprender a ser mandraque
Pois se o malandro se esconde
Deve estar por essas partes

Só que malandro não ensina
Não pode dar asa à cobra
Quem nasce ave de rapina
Não precisa aprender
Não pede esmola

Tem uma vaga aí nessa escola?

Marcelino

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Na minha vida
Sinto saudade dos melhores momentos
Mas sinto mais saudade ainda
Daqueles que não me lembro

Momentos gastos esperando o tempo passar
Momentos tão vastos que são demais pra se lembrar

sábado, 2 de maio de 2009

Hoje eu vim
Pra fazer um comunicado
Eu que vivo sempre apaixonado
Encontrei alguém pra mim

Eu sabia, Mais dia menos dia
Ia cantar minha alegria
Alguém que se vire pra fazer a melodia

Quero que façam um samba
Que faça ela dançar
Que faça seu corpo, maravilhoso esquentar

Fim de semana não fico mais preso no meu quarto
Hoje tenho cinema, amanhã tenho teatro

Hoje é 1º de maio, me sinto tão feliz
O próximo feriado vou passar como eu sempre quis

Amanhã vou à Igreja de Nossa senhora Aparecida
Agradecer essa reforma que ela fez na minha vida...

Marcelino

sábado, 14 de março de 2009

Querida não tente entender
Felicidade é coisa pra se viver
Não perca o tempo que tem pra sorrir
Se preocupando com o que nem está por vir

Pegue teu carro e pise fundo
Vá a pé conhecer o mundo
Esqueça as besteiras de ontem
Deixe que os outros te contem

Venha comigo sentir seu corpo suar
É a alegria que você prende ameaçando se soltar
Saia da sua cidade corra o universo
Se perca, deixe tudo submerso

Não há sentido em duvidar
Querer saber antes no que vai dar
Você sente que será bom
Percebe quem tem o dom

A presidência é chata demais para nós
Muita perseguição, vamos ficar a sós
Vamos fugir por aí, ficar à toa
Encher de vontade as pessoas

Pegue essa mochila, toque a campainha
Essa vida só pode ser sua e minha
Deixa pra lá quem tenta te controlar
Como eles podem saber onde queremos chegar?
São fracos demais para nós!!!

Marcelino

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A morte do homem apaixonado
Foi motivo de comoção
Entre todos os conhecidos
Desceu sob palmas, flores, salva de tiros
Mesmo de quem lhe havia desprezado
O caixão embalsamado levando,
Além do corpo tudo
O que tinha perdido

A morte do homem apaixonado
Foi notícia em toda vila
Entristeceu o povoado
Ninguém queria que perdesse a vida
Quem tanto amor tinha doado

A morte do homem apaixonado
Abriu corações e prantos
Fez dele um adorado
Tornou sua poesia em cantos

A morte do homem apaixonado
Criou um mito
Quem já o tinha ignorado
Festejava aos gritos
Que ele as tinha bajulado
Mas parecia ter esquecido
Sua parte no ocorrido
O sofrimento acumulado

A morte do homem apaixonado
Tornou-o famoso e lido
Mas fez perder o único sentido
Em toda sua intenção
Que fosse um dia para alguém
A única paixão

Marcelino

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Nessa noite longa em que me calo
Por que não interessa que alguém me ouça
Minha cabeça parece pia de louça
Onde se joga tudo e se entope o ralo

As idéias me pesam como mau hálito forte
Não se deixam nunca esquecer
Quando só quero adormecer
Roubam meu sono me passando trote

Jogando coisas que já esqueci
Trazendo momentos do passado
Besteiras que já tinha guardado
Verdades que nunca vivi

Transborda de histórias meu quarto
Devaneios loucos a passear
Como um vento intenso que ouço soprar
Quando tento descansar

Já farto de toda essa estranha epidemia
Que faz meu sono adoecer
E o cansaço me deixar
Já sinto uma forte arritmia
Antes de enlouquecer
Termino isso e vou relaxar

Marcelino
Eu hei de ouvir
Eu hei de cantar
Quando você estiver aqui

Eu hei de cantar
E mais triste tocar
Quando você não estiver
Até você chegar

Porque sua voz me faz sentir
Seu rosto me faz amar
Seu corpo me faz sonhar

Quando você estiver aqui
Eu vou cantar
Pra você não me deixar
E quando você partir
Eu vou cantar
Pra que você não demore a voltar

Porque meu coração
Não tem outra razão ou circunstância
Não suporta manter distância
De você...

Marcelino