sábado, 27 de agosto de 2016

Nós

Em noites que a democracia é tirada de cena
Surge a Lua em seu lugar
Com uma luz que não é sua esforça-se para nos iluminar.
Nos bares pessoas choram, caem, se abraçam
Garrafas tilintam e o tempo passa
Entre o pedido e a memória do garçom.
E nós, aparentemente alheios a tudo isso
Lançamos perguntas e bolamos respostas
Sempre com classe
Com a nossa classe
E uma caipirinha super doce parece que quer nos consolar
Frente aos males do mundo
Mas é preciso ir bem mais fundo quando se quer mudar.
O frio, na rua, lembra que é preciso encarar a realidade na hora de ir embora
Pessoas e livros abertos durante toda a madrugada
Nos comovem e fascinam
São Paulo é um mundo. Eu sou um mundo. Você é um mundo.
E todos se alinharam essa noite
Para receber os caprichosos raios luminosos refletidos pela Lua, que as vidraças dos prédios refletem em nossos olhos
E refletimos que nem sempre os caminhos são os mais fáceis.
Um relógio belo e distante tenta dizer que é 5h16 da madrugada
Mas para mim é um momento único
Como será Vênus e Júpiter num único ponto do céu, na noite seguinte
Há milhões de quilômetros
Quando substituirão com brilho e beleza as noites que não estaremos em nossos braços.
Mas hoje estamos, nos unimos e com esforço somos do mesmo tamanho
E nos beijos atamos nós.
Entrelaçamos as mãos em nós.
Fazemos da noite, da Lua, da vida
Nós