domingo, 30 de agosto de 2009

Anjo da guarda

Experimenta o que nunca provou
Vem comigo esquece o que passou
Não há só uma forma de amor
Se já não vale a pena insistir
Não é o orgulho que vai lhe servir

E se eu dissesse que ninguém pode te amar como eu
Isso faria diferença pra você?

Não pode haver guerra santa
Isso é falta de concordância
Por que custaria tanto
Algo que já não prestou
Não entendo essa agregação de valor

Mas se o amor é assim, e eu?
Não sou digno de um bem-querer

Mostrei ontem quanto eu valia,
Ainda valho e vou valer
Foram os comunas que ganharam
A guerra, e quem tá no poder
O que fez pra merecer?

Quantas dúvidas na minha cabeça eu não sei como responder
Mas e quanto vale meu amor

Estou anotando na contra-capa
Lá onde ninguém vai ler
Que você merecia ser feliz
Queria que você lesse tudo que fiz
E soubesse quanto eu quis bem de você

Me pague duas cervejas e um brinde pela nossa amizade
E já será o suficiente pra mim!

Marcelino

Recomeço

Vamos conquistar tudo pelo nosso valoroso braço
E entregar à mordida do leão
Vamos freqüentar a Igreja verdadeira
E usar água benta como solução-tampão

Vamos chorar lágrimas de crocodilo
E esperar pela ajuda do sindicato
Que nos roubou um dia de trabalho
Pra fazer um belo calendário

Talvez o dia esteja tão bonito
E eu não quero lembrar o que passou
Vou esfregar os olhos pra apagar minhas lembranças
Botar uma roupa nova e sair pra trabalhar

É que eu preciso aprender a pensar
Contar vantagem na mesa do bar
No fim do happy hour

Marcelino

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Calmaria

Entre nós instaurou-se o silêncio
Eles foram seguindo adiante
Como se houvesse um consenso
Que nós seríamos belos amantes

Se dissesse um verso era pouco
Se fizesse mil talvez louco
Bem dizer sua formosura, redundância
Excluir sua moldura, ignorância

Foste eu atrevido, sensato
Que momento oportuno e barato
Jamais daria a boa sorte outra vez
Pra quem descaso do acaso fez

Perdi a chance cedida
Talvez de mudar-me a vida
De evitar essa sua viagem
Ou enfiar-me na sua bagagem

E nem que fosse no pensamento
Carregaria-me por um momento
Um pouquinho lá no fundo da alma
Traria-me tão terna calma
Que eu nunca mais quisera dispensar

Marcelino

domingo, 16 de agosto de 2009

Juízo final

O seu São Pedro
Eu não tenho pressa não viu
Sei que aí é o Paraíso
Mas prefiro ficar no Brasil

Não tenho interesse
Em passar pro outro lado do véu
Enquanto der pra ir empurrando
Vou faltando na chamada do céu

Eu sei que aí só quem comemora
É o time do São Francisco
Mas não vai me leva embora
Logo agora que Timão não corre mais risco
Vamos buscar mais um título
Depois da liberta eu vou

Você já levou o Cartola
Elvis e Raul Seixas
Se não for falta de respeito
Vou aproveitar a deixa
Aceite a minha queixa
Depois do Chico Buarque eu vou

Acho que já ta chegando a hora
De encerrar o trabalho nesse tribunal
Também acho que mereço a vitória
Pelo menos pela cara de pau
Vamos deixar pra depois
O meu juízo final

Marcelino

Otenos

Fica cochichando com a vizinha
Mas todo mundo sabe
Que você ainda é minha

Fica espalhando por todos os cantos
Que eu sempre te ligo
Soluçando aos prantos

Mas a verdade
Sou quem vai contar
Enquanto você chora
Eu estou no bar

À sambar de alegria
Pois estou vivendo mais um dia
Não tenho um amor pra me atormentar
Agora estou em paz e posso cantar

Marcelino

Quando digo que te amo

Por que mudaste de plano
Tu que achavas tão piegas
Hoje quando me vê nega
Que pensaste assim
Quando disse que te amo

Por que mudaste teu pensamento
Pena que não foste à tempo
De aceitar
Quando disse que te amo

Hoje quando me encontra
Tenta reverter o engano
Mas não importa a afronta
Eu não digo que te amo

Sei que você gostaria de ouvir
Mas foi tamanho o dano
E você há de convir
Que não posso dizer que te amo

Mas, no entanto lá no fundo,
Guardado com segurança
Existe ainda a esperança
De um dia, contudo,
Eu gritar que ainda te amo

Marcelino