segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mais um conto de verão...

Romperam de vez quando ele colocou o ventilador ao lado da mala.
Era o sinal de que não havia mais amor.
Dormir um de costas para o outro era justificável naquele verão infernal.
Mas ali estava a separação. Era o exemplo de toda a individualidade dele. De toda sua falta de empatia. Acima de tudo – falta de compaixão.
Por isso ele nem se ressentia em tomar o caldinho que fica quando o sorvete derrete. E a expressão que ele fazia quando ela pedia o último gole da cerveja antes de saírem do bar.
E sem paixão o que sobra do amor?

Agora ele espera o metrô na plataforma.
Sentado em cima da mala. Não olha vagamente.
Tem os olhos fixos no ventilador. Analisa os danos.