A democracia é uma mulher negra
Que aos 30 anos não dá mais prazer aos senhores.
Andou gerando filhos e filhas libertos que não aceitam mais o açoite e
as migalhas.
Por isso, deveria ser mantida no quarto dos fundos
E dar espaço para a amante que os deixa com a dita dura e os faz gozar
melhor.
A democracia é uma mulher indígena,
Que encantou, como novidade nua, quando esses senhores desembarcaram
aqui das suas ditas duras aventuras.
Agora que seu idioma é compreensível a todos e seus gritos de denúncia
podem ser entendidos
É melhor mandá-la para o interior da mata.
Talvez enterrá-la numa vala clandestina em Araguaia ou Perus.
A democracia, para esses senhores, só é boa quando criança.
Não reclama do que recebe, de quem parece lhe defender, e não sabe
ainda julgar.
Quem sabe dizer seu nome é seu amigo
E pode inclusive sequestrá-la mostrando um punhado de balas
Ou abusar da sua inocência e beleza oferecendo um pirulito.
Mas quando jovem, a democracia é irritante.