domingo, 22 de fevereiro de 2009

A morte do homem apaixonado
Foi motivo de comoção
Entre todos os conhecidos
Desceu sob palmas, flores, salva de tiros
Mesmo de quem lhe havia desprezado
O caixão embalsamado levando,
Além do corpo tudo
O que tinha perdido

A morte do homem apaixonado
Foi notícia em toda vila
Entristeceu o povoado
Ninguém queria que perdesse a vida
Quem tanto amor tinha doado

A morte do homem apaixonado
Abriu corações e prantos
Fez dele um adorado
Tornou sua poesia em cantos

A morte do homem apaixonado
Criou um mito
Quem já o tinha ignorado
Festejava aos gritos
Que ele as tinha bajulado
Mas parecia ter esquecido
Sua parte no ocorrido
O sofrimento acumulado

A morte do homem apaixonado
Tornou-o famoso e lido
Mas fez perder o único sentido
Em toda sua intenção
Que fosse um dia para alguém
A única paixão

Marcelino

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Nessa noite longa em que me calo
Por que não interessa que alguém me ouça
Minha cabeça parece pia de louça
Onde se joga tudo e se entope o ralo

As idéias me pesam como mau hálito forte
Não se deixam nunca esquecer
Quando só quero adormecer
Roubam meu sono me passando trote

Jogando coisas que já esqueci
Trazendo momentos do passado
Besteiras que já tinha guardado
Verdades que nunca vivi

Transborda de histórias meu quarto
Devaneios loucos a passear
Como um vento intenso que ouço soprar
Quando tento descansar

Já farto de toda essa estranha epidemia
Que faz meu sono adoecer
E o cansaço me deixar
Já sinto uma forte arritmia
Antes de enlouquecer
Termino isso e vou relaxar

Marcelino
Eu hei de ouvir
Eu hei de cantar
Quando você estiver aqui

Eu hei de cantar
E mais triste tocar
Quando você não estiver
Até você chegar

Porque sua voz me faz sentir
Seu rosto me faz amar
Seu corpo me faz sonhar

Quando você estiver aqui
Eu vou cantar
Pra você não me deixar
E quando você partir
Eu vou cantar
Pra que você não demore a voltar

Porque meu coração
Não tem outra razão ou circunstância
Não suporta manter distância
De você...

Marcelino