domingo, 31 de março de 2013

Assumo-me poeta

Frase do psicólogo soviético Lev Vygotsky
Não colocar as ideias em palavras é viver nas sombras!


Assumo-me poeta
E faço com a única intenção
De dar as minhas frases desconexas
Uma vulgar profissão

Às rimas dou-lhes títulos
Às paráfrases dou razão
Às antíteses dou ouvidos
E aos sonetos, promoção

Assumo-me poeta
E já caio em contradição
Rimas soltas, rimas certas
Sonetos, odes, ou canção?

Aos verbos dou-lhes vírgulas
Às certezas, opção
Ao sentido, tiro a clareza
Dos sinais de pontuação

Assumo-me poeta
Muito menos por paixão
Do que pela baioneta
Que a dor aponta ao coração

À alegria dou-lhe dúvidas
Ao egoísmo, compaixão
Ao amor transcrevo súplicas
Que me suam pela mão

Assumo-me poeta
Pelo tormento que me traz
De se tiver uma caneta
Não ter nunca a paz

Ao papel dou-lhe o descanso
Que o leitor não terá mais
Meus pensamentos eu amanso
Mas ainda zombam de mim: Tanto faz!

Marcelino

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