segunda-feira, 10 de março de 2014

Conselhos para o próximo Carnaval


O poeta que não quer se dar ao ridículo,
Não quer ser lembrado pelo mau poema que escreveu - Mesmo que só ele perceba
E que a todos seja agradável –
Não deve escrever muito
Amar muito
Não deve viver muito.

Assim como quem não quer lamentar um amor
Não quer remoer-se pelo suco gástrico da amargura
Ainda com altos teores de álcool e confetes do carnaval
Não deve amar muito,
Viver muito.
Não deve escrever
Uma carta de amor sequer.

Não é de bom grado –
Para quem tem muito amor –
Viver e escrever

Porque haverá uma vida para lamentar
O amor que deixou passar.
Como o melhor poema, lido com pressa,
Para se decorar uma vazia frase de efeito
Impactante na sua falta de sentido.

Ou pior.
Pode se dar ao luxo e à soberba de quer escrever um soneto!
E aí amigo,
Nada vai esconder uma rima pobre...
E nada vai apagar o nome da amada que você queria de volta
E eternizou em um verso forçado lembrando o quanto ela era bela.

Acho melhor – e de conselhos ruins sou meu melhor conselheiro –
Não se propor ao ridículo
E viver uma vida sem graça.
Ou então,
Não querer contar pra ninguém
(Vaidade que todo poeta sofre)
E nunca, nunca, nunca mais
Colocar no correio uma carta
Para um remetente que já se mudou.

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