segunda-feira, 11 de março de 2013

Protesto Poético

O poeta russo Maiakovsky

Não vou renegar meu passado de poeta analfabeto
Não vou me curvar às regras da burguesia da língua
Vou ser um rebelde dos versos sem métrica
Farei passeata pelas estrofes com as palavras oprimidas
Caminharei de mãos dadas com os sentimentos
Carregarei a bandeira do livre-arbítrio literário
Fonemas, adjetivos, verbos e substantivos
Perderão seu caráter de classe e seus privilégios sintáticos
Todos serão palavras. Sem distinção de raça, credo, função ou cor
Minha poesia será para os que não sabem ler
Será para os que não compreendem o ultralfabetismo do intelectual
Será para os que trabalham e sabem do que eu digo

Será para os que amam e sentem do que escrevo
Será para os que vivem o que é preciso viver
Não me renderei às margens das páginas
Pois é fora dela que está a verdadeira poesia
É fora delas que acontece e pode acontecer o que escrevo
Me prenderei apenas aos limites da imaginação
E acredito que escreverei um milhão de poemas
Uma centena de livros
Uma dezena de peças
Um infinito de palavras
E tudo o que eu quiser
Antes de sequer sonhar com a possibilidade de encontrar algum limite
Portanto, deixe-me escrever e deixe-se ler

Marcelino

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